Nós somos as Velhas Virgens: Paulão e Cavalo

Posted: | Postado por Felipe Voigt |
Semana começando um pouco fria. O bar está vazio, com apenas alguns velhos bêbados novos no balcão, enchendo o saco. Bêbado velho em balcão novo é assim: bebe-se uma pinga a cada uma hora. Entre um copo e outro, são histórias e mais histórias. Mesmo mentirosas, são sinceras. Aprendi isso com meu velho pai e seus 20 anos de botequeiro.

Mas boteco é lugar de velhos amigos, também. Essa semana recebi dois que considero amigos, mas antes considero ídolos. Afinal, os conheci assim. Poderiam ser Jagger-Richards do rock nacional. Ou Stanley-Simmons. Ou Daltrey-Townshend.

Mas são Paulão-Cavalo, os pais das Velhas Virgens. Desnecessário falar mais dessa banda. Quem me conhece, a conhece. E se não conhece, conheça, porra! Não vou ficar escrevendo sobre eles porque tenho um balcão pra atender e copo vazio não enche minha conta.

Qualquer dúvida, pergunte a eles no twitter: @PaulaoVV e @AlexandreCavalo.


- Hoje o bar e a jukebox são por suas contas... vão beber e ouvir o quê?
CAVALO - Vamos tomar as brasileiras. Colorado e Baden Baden escuras que tá frio. Pra escutar podemos começar com Brian Setzer e sua orquestra tocando um crrrráaassico do Kiss: Detroid "swing" city;
PAULÃO - Lou Reed/Whisky com Red Bull.

- Essa deve ser a quarta ou quinta entrevista que concede a mim. Não cansou de dar pra mim, ainda?
PAULÃO - Você chupa bem!

- Já para o Cavalo é a segunda vez que me dá uma. Quer que eu te mande flores quando terminar?
CAVALO - Pode deixar 150 na cabeceira quando sair!

- Pegariam hoje as mesmas pessoas que pegaram aos 20 e poucos anos?
PAULÃO - Pegaria. Recordar é viver!
CAVALO - Minha mulher dorme com um cortador de grama ao lado da cama; se eu pensar em pegar alguma coisa diferente de resfriado posso ter uma parte que eu gosto muito amputada! Mas supunhetemos que eu não fosse casado. Acho que pegaria menos mulheres mas a qualidade ia ser melhor.

- Será pai de uma menina em breve... como se sente ao deixar de ser consumidor para passar ao posto de fornecedor?
PAULÃO - Pergunta óbvia e repetitiva. Me sinto feliz.

- Você é pai de primeira viagem há 3 anos com o Pedrão. Qual conselho daria a ele?
CAVALO - Durma bastante agora que seu sono nunca mais será o mesmo!

- Quando teu pequeno equino estiver com 15 anos, o que acha que ele estará ouvindo? E o que espera que ele esteja ouvindo? Há diferença...
CAVALO - Do jeito que o mundo está não dá pra fazer previsão nenhuma pra dez anos. Mas espero que ele ouça os clássicos (tanto populares quanto eruditos) pra, no mínimo, ter bagagem e referência musical. Mas espero que ele escolha um caminho diferente da música. Do que espero ao que vai acontecer há uma distância astronômica, é claro!

- E você, velho: o que tua pequena ouvirá aos 15?
PAULÃO - Hum... espero que ela ouça alguma coisa da sua época, espero que não sejam coisas como algumas gerações adolescentes consumiram, como Menudo e algumas coisas emos. Mas mais que tudo espero que ela não ouça certos lixos como Funk carioca, Pagode Pop, Axé, estas merdas. Eu ouvia Purple com 15. Espero que ela tb ouça.

- Sendo pai, o que mudará no compositor Paulão?
PAULÃO - Não sei... mesmo! Talvez eu compreenda melhor as crianças, as mulheres... Talvez perca a mão, vire um cuzão.

- E o que mudou no Cavalo pai? Ficou mais mole, mais bonzinho?
CAVALO - A gente acaba mais tolerante como mundo, aprende a agradecer pelas pequenas coisas e, principalmente, passa a entender melhor seus pais e a se entender melhor. Vou dizer que sou mais humano depois do Pedro.

- Qual melhor lugar pra esconder um ou uma amante numa festa? E qual melhor lugar pra dar uma rapidinha num show?
PAULÃO - O melhor lugar pra dar uma rapidinha é o banheiro. Esconder uma amante? Dentro da garrafa!
CAVALO - O melhor é não levar a amante pra festa. A chance de dar merda beira os 100%. O melhor lugar pra uma rapidinha depois ou antes do show é o banheiro do camarim. Lógico que deixando o produtor avisado pra dar um tempinho!

- O que pensa naquele segundo que precede a entrada? Entrada do palco, logicamente... seu malicioso!
CAVALO - Sei lá. Faço isso a tanto tempo que pra mim é como ir pro trabalho.
PAULÃO - Caraio... fico extremamente nervoso. Penso: Deus, me perdoa as merdas que eu faço e me ajuda a fazer um puta show!

- Na cama, quanto maior o acorde, melhor? Ou se contenta com um semi-tom, mesmo? Nesse caso, quanto maior o instrumento, maior a harmonia?
PAULÃO - Na cama o importante é estar com o instrumento afinado. Ainda que meu instrumento seja bem servido.
CAVALO - Nunca pensei nisso, acho que as mulheres não tão nem aí. Elas querem é a mágica e não o tamanho da varinha!

- É melhor gozar em Si, gozar Lá ou melhor engatar a Ré, mesmo?
CAVALO - Dependendo da ocasião acho melhor cada um encontrar a paz em si mesmo!
PAULÃO - Gozar é sempre bom, em qualquer tom!

- Quem é a pessoa que mais atravessa o samba atualmente no Brasil?
PAULÃO - Lula querendo enfiar a Dilma goela abaixo do povo!
CAVALO - Só entendo de samba bom e nesse tipo de samba só tem bamba, ninguém atravessa!

- Todo bêbado adora um poema... como um bom poeteiro, recite o primeiro que vem à cabeça!
CAVALO - "E melhor ser alegre que ser triste \ Alegria é a melhor coisa que existe \ E assim como a luz no coração \ Mas pra fazer um samba com beleza \ E preciso um bocado de tristeza \ Senão não se faz um samba não (Vinicius de Morais)". Acho que fui induzido pela pergunta anterior.
PAULÃO - "Mariquinha, maricota, com a direita e com a canhota".

- Chega de papo e subam logo naquela porra pra tocar... minhas putas precisam faturar com os strips! Qual música considera perfeita para um strip bem feito?
PAULÃO - Abre essas pernas... baby!
CAVALO - Não inventa, manda logo "You can leave your hat on" do Joe Cocker!
(Encerro com o encerramento de uma
outra entrevista que fiz
com ambos
há 4 anos,
quando lançavam
o Cubanajarra.
Notem como
nada mudou... )

- Vocês já estão nos 40. Mas a performance no palco parece ter melhorado com o tempo, igual aos vinhos. É certo dizer, então, que a receita beber-meter-tocar é o elixir da juventude?
PAULÃO - Espero que você esteja certo. Me sinto bem. Após uma crise dos 40, comecei a me achar um "velhinho abestado", metido a jovem, eterno adolescente, sei lá. Mas passou. Minha vida nunca foi muito normal mesmo, por que então esperar que eu fosse um quarentão normal? Tô feliz, fazendo academia de dia e bebendo de noite. O gás no palco tá bom e vamos em frente, então. Os fãs dão o combustível!
CAVALO - Não dá pra ser Velhas Virgens e não ser eternamente adolescente. Podemos dizer que seremos sempre adolescentes sem idade definida! Espero tocar até os 70 anos a mesma temática que toco hoje! Vai ser divertido!!

2 comentários:

  1. Carol Viana disse...
  2. CLAP CLAP CLAP! Parabéns para os 3! Eu conheço algumas perguntas daí de outros carnavais...hehehe...
    Deu pra destruir e confirmar algumas primeiras impressões com a entrevista... Sr. Cavalo super sério e Sr. Paulão mais escrachado impossível...
    boa leitura digna daquelas revistas de rock n' roll q eu comprava em 1993.. do Guns, claro...
    \o/

  3. Rafael Techima disse...
  4. Do caralho, Felipe!

    Não é por acaso que me tornei fã das VV.

    Esse é espírito que toda banda de rock deveria ter: o compromisso com o descompromisso e o tesão em subir no palco e mandar ver.

    Vida longa, Velhas Virgens!!!

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